Aqui
e agora, nos é dada a chance de ressignificar nosso passado, transformar nossa
visão de mundo e de nós mesmos, bem como de construir o futuro que queremos.
Aqui e agora, o presente se plasma sempiternamente, como resultado de nossas
ações. Nós criamos a nossa realidade. Entre imaginação e memória, aqui e agora
temos a oportunidade de inspirar novos sonhos e fazer nascer a esperança, a
criatividade e o espírito de cooperação entre todos. Melhor dizendo, mais que
chance ou oportunidade, temos uma missão transformadora que exige a revelação
da grandeza espiritual de cada um de nós.
O
espírito da liderança tem, portanto, o poder e o dever de despertar os talentos
e de fazer com que se manifeste o dom supremo que trazemos conosco. Realiza
este poder, não por meio do controle, das ordens e coerções, mas sim, pela
força do pensamento e do diálogo, do convencimento e da confiança. Para tanto,
explicita os princípios e valores que norteiam o desenvolvimento de suas
virtudes.
Imbuídos
deste espírito, partimos do princípio de que temos o poder de modificar a
natureza e de que este poder deve ser usado para promover a dignidade, a
plenitude e paz entre os seres. Dignidade, plenitude e paz são valores
compartilhados por todos, mas difíceis de serem cultivados sem as virtudes da
disciplina, honestidade, senso de justiça e responsabilidade.
É
primeiramente em nós mesmos que devemos cultivar o desenvolvimento de tais
virtudes. Se desejamos nos tornar pessoas altamente colaborativas e
comprometidas com realizações sociais, havemos de enfrentar nossos vícios.
Os
alquimistas cristãos falavam de transmutar o chumbo em ouro. No plano simbólico,
isto significa, em termos atuais, a transmutação de uma personalidade
destrutiva e manipuladora em uma personalidade criativa e colaborativa. Este
trabalho alquímico, “Magnum Opus”, significa o desvelamento do nosso tesouro
interior, ou seja, nosso ser de luz, que é a essência de si-mesmo. Não é uma
tarefa fácil. Habitualmente, a iluminação e a bondade só são conquistadas por
firme disposição para fazer o bem e para inspirar os que encontramos no
caminho.
Mas
somos, a miúde, tentados pelo orgulho, pela arrogância e presunção que nos
impede de ouvir os outros e que nos guia sempre à procura de elogios e
seguidores. É preciso certo esforço para conquistar a humildade, a consciência
de que não sabemos tudo e de que precisamos dos outros para nosso crescimento. Note-se
que isto não significa se desvalorizar, perder seu brilho e sua autoridade...
É
sempre necessário muito trabalho, autoconhecimento e autoestima para nos
alegrarmos com a riqueza e com as qualidades nossas e do próximo. Sem este
trabalho, somos facilmente dominados pelas emoções desordenadas e violentas da
ira, da raiva e do ódio, que buscarão impacientemente destruir e aniquilar o
outro, esse desconhecido.
Serenidade,
compreensão e paciência são atributos raros e caros à convivência pacífica
entre nós. Impaciência, incompreensão e insatisfação conduzem ao medo, ao
consumismo e à luxúria de possuir gulosamente tudo e todos.
Quem
de nós está completamente livre do apego ao poder, aos bens, à riqueza
ambiciosa e muitas vezes ilícita de acumular, de forma mesquinha, dinheiro,
joias, propriedades e conhecimento? Não é sem exercício de desprendimento que nos
tornaremos verdadeiramente generosos.
Só podemos,
verdadeiramente, liderar a nós mesmos nesta jornada interior. Para tanto,
precisamos diligentemente combater a preguiça, a procrastinação e o comodismo.
Precisamos ser pacientes, justos e perseverantes, enfim.